Interview With The Vampire (Entrevista com o vampiro) é uma série de televisão estadunidense pela AMC baseada na obra de Anne Rice: Rice’s interview with the vampire. Estrelando Jacob Anderson (Louis de Pointe du Lac), Sam Reid (Lestat de Lioncourt), Bailey Bass (Claudia) e Eric Bogosian (Daniel Molloy). Para mim um romance-dramático de fantasia, mas para a IMDb é um drama de terror e fantasia. Acompanha a relação amorosa entre dois vampiros na Nova Orleans do início do século XX e todos os conflitos que surgem dela. Pode ser assistida pela HBOmax.
“Adaptada do romance de terror gótico de 1976 de Anne Rice, Entrevista com o Vampiro, a série centra-se na história de vida do vampiro Louis de Pointe du Lac (Jacob Anderson), como contado ao jornalista Daniel Molloy (Eric Bogosian). Um homem negro rico na Nova Orleans dos anos 1910, Louis faz amizade e mais tarde se tornou um vampiro pelo carismático Lestat de Lioncourt (Sam Reid). Mas o preço da imortalidade é alto, e a relação entre Louis e Lestat é ainda mais complicada pela introdução do mais novo filhote de Lestat, a vampira adolescente Claudia (Bailey Bass).”
Resolvi fazer a resenha da série porque ela apresenta uma temática diferente ao abordar em uma fantasia vampiresca a relação amorosa entre dois homens. Sem dúvidas ela traz temáticas bem interessantes, com maior ou menor destaque para uma ou para outra que atravessam a produção. Como a questão do racismo, da homoafetividade, de relações tóxicas e mesmo agressão e violência doméstica. Não vou aprofundar nenhum dos temas, mas tentarei apontar eles aqui ou ali a partir da própria narrativa da série.
Toda a história se constrói, na primeira temporada, em cima da relação amorosa de Louis e Lestat, suas vidas anteriores ao encontro entre ambos, suas vidas a partir do encontro entre os dois, sua relação depois que começam a viverem juntos, os desgastes da vida juntos, a tentativa de reavivarem seu romance, o ingresso de Claudia que será um elemento de equilíbrio e transição para o desgaste definitivo entre ambos e a ruptura, ao menos até segunda temporada. É interessante que os sete episódios da primeira temporada apresentam um arco completo e fechado, no sentido de que tem começo, meio e fim, da relação dos dois vampiros. A gente vai percebendo, uma a uma, essas fases que foram anteriormente apontadas bem claramente conforme as coisas vão acontecendo, o tempo vai passando.
Apesar de torcermos para a relação dos dois, quando vamos percebendo que as coisas estão desandando naturalmente, assim como uma relação entre duas pessoas que se amam e que pode acabar se desgastando, nós acabamos por entender e aceitar tudo o que tá acontecendo. Até porque as ações de cada um deles a partir dos dramas que enfrentam vão nos fazendo ter empatia ou antipatia pelas personagens. O fato de Lestat ser um mulherengo e macheiro também, trair Louis com frequência e tentar impor um controle sobre ele, por exemplo. Louis se caracteriza por certa centralidade dentro da relação, fidelidade, emocionalidade e subjugação.
Algo muito interessante é o papel que cada um deles assume na relação. Há em certa medida um paralelo na vida deles como se fosse entre um homem e uma mulher, em que Louis seria a “mulher” e Lastat seria o “homem”. Isso não é dito, logicamente, porém as ações e quadros psicológicos montados para as personagens indicam algo nesse caminho. Apesar disso, quero destacar outra questão que em certa medida está relacionada a esse fato, mas ao mesmo tempo rompe certos estereótipos da comunidade gay: Lastat assume todas as características corporais, comportamentais, de linguagem e de vestuário que nós atribuímos a um homem gay passivo e Louis faz o oposto.
Entretanto é Lastat que age abusivamente sobre Louis, no caso como nós esperamos que haja o ativo da relação, o “homem”. Sendo Louis um homem negro atribuímos imediatamente a ele a ideia de agressividade, dominância, força, no entanto é ele quem apresenta um sentimento de apego ao parceiro e mesmo dependência. Eles têm um relacionamento extremamente marcado pela dependência emocional em que o vampiro transformado está ligado àquele que o transformou, mas além disso há a própria relação de amor que causa tal coisa. Por exemplo, em uma das discussões e brigas deles Lastat, mais forte, bate em Louis, apesar de ambos se agredirem, e quase o mata. Depois faz de tudo para ser perdoado e o é.
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Claudia acaba entrando na relação dos dois por uma carência de Louis que não tinha mais a família que o rejeitou depois que se tornou vampiro e porque não estava bem com Lastat. Ela se torna uma válvula de escape para ele e para a vida do casal, o que não dar certo já que os problemas que deveriam ser resolvidos não o são. E no fim ela se torna uma aliada e estrategista na empreitada de destruição do vampiro mais velho.
Também temos que chamar a atenção para o fato de ser uma história memorial, já que o que sabemos é o que Louis conta para Daniel. E se para o jornalista ele omite coisas por que deveríamos dar crédito para as informações que ele apresenta sobre as outras personagens? Claro que é importante destacar o fato de ser uma relação interracial, eu nem vou entrar na discussão a esse respeito porque não é algo simples e não daria para falar tudo aqui, entre eles e de que a personagem negra tem mais destaque. Há vários momentos em que se demonstra os problemas enfrentados pela comunidade negra nos Estados Unidos e a questão racial também aparece na relação dos dois.
Interview with the vampire – Conclusão Final
A história é realmente muito boa, por isso já está renovada para a segunda temporada e aconteceu mesmo antes de estrear a primeira. Há muita consistência na narrativa e nas atuações, são atores que realmente sustentam a dramaticidade da obra. As cenas na Nova Orleans do primeiro decênio do século XX são lindas, aquele ambiente, as roupas… é tudo muito charmoso. E além de tudo traz a relação de um casal de vampiros gays. CORRA lá é assista!!
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