O Carnaval chega mais uma vez e com ele sempre devemos lembrar dessa discussão que é tão importante para pessoas racializadas: por que é importante não usar fantasias étnicas.
Esse ano, Bruna Tukamoto — uma influencer que aborda racismo amarelo em suas redes sociais — levantou a discussão novamente quando fez postagens em suas redes sociais dando dicas de como não ser racista com amarelos. O ponto que eu vou abordar aqui é o primeiro de sua thread, etnia não é fantasia.
O que são essas fantasias?
Samurais, Gueixas e indígenas são os exemplos mais comuns de etnias que são usadas como “fantasias” durante o período de Carnaval. Além do teor racista, também se pode falar sobre erotização e fetichização, em especial de mulheres, que utilizam essas fantasias.
Uma boa opção que envolve homenagear pessoas desses grupos minoritários, de forma que não seja pejorativa, é comprar artigos de fantasia produzidos por eles, como a Anitta fez nesse último final de semana ao usar um look lindo feito por mulheres indígenas e que também homenageia Cabocla Morena — uma entidade da umbanda —.
Ainda acontece isso no Carnaval?
Por incrível que pareça, sim, acontece. Um exemplo é uma fantasia da escola de samba Portela, que para o desfile desse ano que deveria homenagear Macunaíma — personagem conhecido da literatura nacional — mas, é caricato e racista com sua visão. Após várias críticas, o chapéu, que lembra até mesmo o ato de blackface, foi removido da fantasia.
Deve-se lembrar que o blackface, infelizmente, ocorre há muito tempo nesses períodos de Carnaval e em marchinhas carnavalescas também se fazem presentes muitas injúrias preconceituosas, especialmente contra negros e homossexuais.
Existem outras formas de combater o racismo no Carnaval?
Existem várias! Sabe outra coisa que você pode fazer para diminuir estigmas contra amarelos? Não os chamem de “japa” e muito menos fale para uma pessoa amarela que quer ficar com ela porque você nunca ficou com uma pessoa asiática. E principalmente: comparar uma pessoa com uma doença, como acontece amplamente com a COVID-19, é racista também, além de te tornar uma pessoa babaca.
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Como uma mulher branca, eu compreendo que ir em festas como o Carnaval pode gerar situações que envolvam assédio ou até mesmo coisas mais graves, mas sei que pessoas racializadas sofrem isso em escala maior por sofrerem também o racismo. O que nós pessoas brancas também podemos fazer é ajudar aquele amigo, ou até mesmo desconhecido que no bloquinho está sofrendo injúrias, por chamar a polícia ou por até mesmo tirar a pessoa daquele ambiente hostil.
É importante lembrar que a luta antirracista não se dá apenas no Carnaval, mas pessoas sofrem com racismo e injúria racial todos os dias do ano e uma das pequenas coisas que nós podemos fazer é entender e acolher aqueles que são afetados todos os dias por isso.