Estamos no último mês do ano, o Dezembro Vermelho/Laranja, mas nosso foco será na campanha da cor vermelha e irei indicar duas séries LGBTQIA+ maravilhosas acerca disso.
No dia 1 de Dezembro é celebrado o Dia Mundial de Luta contra a AIDS. O laço vermelho simboliza solidariedade do combate à AIDS. Porém, não é exatamente o que acontece, mesmo em 2022, por DST´s ainda serem vistas como tabu, a educação sexual também não acontece, discutir sobre relação sexual parece um bicho de sete cabeças, ou é constrangedor ou é tratado como piada, gerando falta de informação não apenas sobre o próprio corpo, mas sobre uma doença que já chega à marca de 960 mil contaminados.
O vírus teve início por volta do século 20, mas só ganhou notabilidade em 1980/81 (para mais informações sobre o processo, basta clicar aqui). O primeiro caso no Brasil aconteceu em 1982, em São Paulo, e sem o nome definido. Por anos a doença foi tratada como “peste gay”, até descobrirem como surgiu o HIV e como era transmitido, apesar de ainda ter um estigma grande.
Ainda é confuso para algumas pessoas a diferença entre HIV e AIDS, então irei esclarecer mais sobre esse tema. HIV (Vírus da Imunodeficiência Humana), é o início da doença, ela ataca o sistema imunológico e se espalha nas células brancas no intuito de criar mais dela e dar continuidade na infecção. Já a AIDS (Síndrome da imunodeficiência adquirida), é a doença desenvolvida, sendo mais intenso seu tratamento.
Até hoje, HIV e AIDS é tratado como uma doença exclusiva da comunidade LGBTQIA+, porque quando surgiu a doença, os primeiros diagnosticados foram pessoas que tinham relações sexuais com pessoas do mesmo sexo, apenas mais para frente foi descoberto que a transmissão ocorre através do sexo sem preservativo ou pelo contato com sangue ou seringa contaminada, mas qualquer pessoa, independentemente da orientação sexual, está propenso a desenvolver, caso não tome os devidos cuidados.
Nem todo mundo que tem HIV possui AIDS. Pessoas soropositivas (quem possui HIV) tem uma vida praticamente normal, o que ainda gera surpresa, pois há ainda vários tabus relacionados a esse assunto. A única diferença é que eles precisam tomar os medicamentos indicados, ter acompanhamento clínico e manter práticas saudáveis e, claro, fazer uso do preservativo (mas esse já vale para todos). AIDS e HIV não tem cura, mas tem tratamento e tudo bem ficar com medo no início. Lembrando que se o vírus se torna indetectável, ele não é transmissível.
Um detalhe muito importante de destacar é que discriminar pessoas soropositivas ou revelar a condição sorológica de alguém sem autorização é crime (Lei nº 12.984, de 2 junho de 2014) que em tese configura como injúria (art.140 do CP) e difamação (art.139 do CP).
Dica de Séries Sobre o Combate à AIDS
Vamos lá para as dicas de série para quem quer entender um pouco melhor sobre essa luta que já vem de vários anos.
“Mga Batang Poz” retrata a história de quatro adolescentes filipinos que são HIV positivo, mas usam o termo “pete” para a palavra positivo. A trama segue a vida de Luis, Enzo, Gab e Chuchay. Eles fazem parte do mesmo grupo de bate-papo para pessoas que foram contaminadas pelo vírus e um dia marcam para se encontrar, porém, só aparecem os quatro. A série aborda toda a dificuldade do processo de descobrir a doença e o preconceito da sociedade. Mas também é sobre aceitação, família e amizade.
A série tem 6 episódios ao todo e sua narrativa é bem realista, o primeiro episódio é sobre como se conheceram e a partir do segundo começam a falar sobre cada personagem específico. Mas confesso que de todos os personagens, a história da Chuchay foi a que mais me emocionou, pois ela adquiriu após ser abusada frequentemente pelo dono da barraca onde trabalhava, se for um gatilho, mesmo que as cenas não sejam explicitas, recomendo que evitem. Os demais desenvolveram a doença através da falta do uso de preservativo.
Apesar de não ser uma superprodução ou possuir o melhor roteiro, a história é bem construída e não são plots que se perdem do conceito da série, então digo com tranquilidade que vale a pena assistir, porque consegue transmitir os sentimentos de cada personagem e nos faz entender algo que é uma realidade muito presente na sociedade.
Na minha opinião, Gay Ok Bangkok é uma série incrível, mas queria focar em duas coisas dela. Em todo momento ela incentiva a fazer o teste, tanto na série quanto os atores antes do episódio começar, todos podem fazer mesmo que tomem os cuidados de prevenção.
Nat e Arm fazem um casal em Gay Ok Bangkok, o Nat é HIV positivo e Arm é negativo (termo usado para quem não possui o vírus). Sim, é comum, apesar de todo preconceito que existe, haver casais positivos com negativos, só é necessário o cuidado recomendado, como o uso de preservativo. A PREP (Profilaxia Pré-Exposição) é mencionada em um dos episódios, é usada para prevenir a transmissão, são duas pílulas ingeridas, de 2-24 horas antes da relação sexual. Outra medicação para evitar a proliferação do vírus é a PEP (Profilaxia Pós-Exposição de Risco), indicada para ser tomada até 72h após a relação sem preservativo ou contato com algum objeto que possa ter entrado em contato com o vírus, sendo um tratamento que dura 28 dias. Tanto os remédios quanto as camisinhas são fornecidas gratuitamente pelo SUS.
BÔNUS
O filme francês “120 batimentos por minuto” se passa no primeiro semestre de 1990, ao qual um grupo de ativistas, Act Up, invade escolas e prédios no objetivo de conscientizar as pessoas sobre a gravidade da doença e que todo mundo, não apenas a comunidade, estava sujeito a pegar o vírus. E tentavam, através de passeatas e protestos, fazer com que o governo sentisse o impacto de que pessoas estavam morrendo por negligência, afinal, nem todos tinham condição financeira para custear o tratamento.
É um filme que mostra a luta de quem precisava viver com AIDS e daqueles que eram apoiadores do movimento, mas já digo para prepararem os lenços, é um filme delicado, é necessário estar atento a cada detalhe. Porém, garanto, não vão se arrepender de assistir.
Façam o teste e se previnam. Terminamos por aqui, espero que tenham gostado. Beijos.
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