Smiley é uma comédia romântica gay espanhola que estreou na Netflix em dezembro de 2022, estrelada por Carlos Cuevas (Alex) da série Merlí, Miki Esparbé (Bruno), Pepón Nieto (Javier), Meritxell Calvo (Vero). Trabalha as relações amorosas de Bruno e Alex que acontece por um acaso, Alex manda mensagem para Bruno pensando ser o número do seu ex que o abandonou e eles acabam marcando um encontro. E a partir dos dois é apresentada também as relações de seus amigos e familiares que ganham certo destaque. Eles, o casal principal, mantém um relacionamento marcado por idas e vindas, encontros e desencontros que quase me surpreendiam, mas ao final, de fato, era uma comédia romântica.
Antes de continuar me deixem apresentar a sinopse da série: “em Barcelona, dois homens e seu grupo de amigos enfrentam medos, inseguranças e oportunidades perdidas em busca do tão sonhado amor verdadeiro.” Derivada também da peça de teatro de Guillem Clua: “Uma lenda japonesa afirma que quando duas pessoas devem estar juntas, um fio vermelho invisível amarrado ao dedo mínimo da mão as une desde o dia em que nascem. Esse fio é inquebrável e tem o poder de unir duas pessoas para sempre, não importa o quão distantes elas estejam uma da outra, e não importa o quão diferentes elas pareçam para nós. Esta é a premissa na qual Smiley, a comédia de maior sucesso de Guillem Clua até agora, é baseada.”
Qualquer semelhança com “The Red Thread”, obra de Lazy Sheep publicada no Brasil pela Editora Boys Love Brasil e com a série derivada do livro não é mera coincidência, não mesmo. Mas antes queria falar, que odiei a personagem Pol (Carlos Cueva) na série Merlí e o que aquela bixa desgraçada fez com Bruno durante as três temporadas, era isso. Tudo de ruim na vida dele e muito sofrimento é o que desejo.
Smiley tenta abordar algumas questões que envolvem a comunidade LGBTQIAP+, em especial os gays e seus preconceitos. No fim acho que não faz bem-feito, assim como a maioria das produções que tentam abordar questões mais sensíveis, acabam deslisando e caindo no lugar comum. A série é uma produção que parece ir para o lugar comum das comédias românticas, mas ela acaba apresentando elementos que em uma medida ou em outra quebra essa expectativa e traz coisas interessantes para a história.
Bruno é um arquiteto bem-sucedido, sério, amante de filmes, um homem mais velho, comum e, com as gay de certa idade, está só, em busca de um verdadeiro amor que possa preencher sua vida. No escritório tem seu grande amigo Albert e tem Ramón que nutre um amor por ele. Alex é um bartender jovem, musculoso, romântico que coleciona namorados ruins, mas que sonha encontrar o grande amor, ele trabalha no bar de seu amigo, também gay, Javier junto com Vero sua amiga lésbica que vive com Patri.
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Por meio desses opostos, no caso Bruno e Alex, se inicia uma discussão, quando eles se encontram no bar, a respeito das relações na comunidade gay em que certos grupos têm vantagens para encontrar seus pares, seja para uma relação amorosa mais profunda, ou seja para uma relação sexual casual, no caso os homens como Alex. E como é difícil para os homens como Bruno fazerem o mesmo e que no geral os gays padrão tendem a se relacionar com os iguais e a rejeitar pessoas diferentes deles [odeio viado]. Alex vai acusar Bruno de ser esnobe, a famosa gay bem-sucedida que se sente superior e tentar ou menospreza quem não pensa ou age com eles. Ambos acabam transando como uma forma de provar um para o outro que eles não são essas imagens.
Eles acabam se afastando depois que transarem, apesar de terem tido um sentimento mais profundo um pelo outro. Ficam naquele famoso jogo de gato e rato das comédias românticas em que dizem que se odeiam, mas se amam. Acontecem alguns mal-entendidos e eles não ficam juntos. Bruno acaba namorando com Ramon e Alex com Ibra.
Quando eu vi que a história ia tomando um rumo diferente do habitual pensei que seria surpreendido, mas não fui e eles acabam juntos no fim da primeira temporada. A série tentar trazer, agora tá na moda, o elemento integrador com a presença de grupos étnicos diferentes, Ibra é um imigrante negro, mas acabam no lugar comum, ele não tem relevância para a história em si, é descartável e apesar de ganhar uma projeção, no fim, vai ficar sem o prêmio principal.
Tentam abordar também as dificuldades dos relacionamentos LGBTQIAP+ algumas décadas atrás por meio de um amigo da mãe de Alex que teve um relacionamento com o pai do mesmo, mas a relação não prosseguiu porque o seu grande amor escolheu sua amiga e não ele. Até se inicia uma discussão a respeito do fato de o pai de Alex ter ficado com sua mãe por amor ou por medo, no entanto tudo se acalma e se acerta, mas a coisa não se aprofunda. Há ainda o início da relação entre Javier e o amigo da mãe de Alex que são homens mais velhos, mas não teve mais desenvolvimento quem sabem numa outra temporada. Mas mesmo aqui há uma superficialidade no tratamento da temática.
Também temos Vero e Patri, a relação lésbica trabalhada na produção, mas que não traz o novo já que ainda aborda um relacionamento entre elas que não é conhecido da família de Patri e isso vai gerar alguns problemas. Apesar de eu ter falado tantas coisas ruins sobre a série eu gostei muito dela. Ela é extremamente divertida, uma história de amor entre dois homens e seus amigos, marcada por conflitos, encontros e desencontros, típica comédia romântica. Para mim o problema está quando se tenta, dentro dela, abordar temáticas mais profundas.
Uma coisa que gosto, muito além das atuações, são os diálogos das personagens. É muito bom a originalidade do texto, com certos clichês, mas com conversas vivas e dinâmicas, supernaturais. A história é muito gostosinha de ver, uma narrativa que parece comum, depois parece que vai surpreender e no final acaba voltando para o lugar que se espera dela. Não vi muitas comédias este ano, mas dentre as que vi e as outras em geral, Smiley é uma produção surpreendente e melhor. RECOMENDO muito que vejam!!
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