Quem olha para rosto dessa mulher pode se perguntar “quem é ela?”, mas é nosso dever nunca se esquecer da força do nome de Marsha, negra, Drag Queen, prostituta e modelo. Mas acima de tudo um dos grandes pilares nos primeiros anos da luta da comunidade LGBTQI+ por direitos nos Estados Unidos. Mas antes de falar de Marsha, devemos voltar no tempo, mas precisamente na madrugada de 28 de junho de 1969.
Se você não reconheceu a data, explico: nessa data um grupo de policias de Nova York estava fazendo uma batida rotineira, ou seja, violenta no bar Stonewall Inn. Já começou ligar os pontos? Isso mesmo, Marsha estava na linha de frente ao lado de outros lutando contra policiais, em uma revolta, de pessoas que se recusaram a serem presos e agredidos pelo simples fato de serem diferentes do que a sociedade impunha como “correto”. Foi nessa época que demos o nosso primeiro grito de orgulho gay, e jogamos o holofote diante a violência policias, e o desprezo da sociedade.
Agora que você está mais situado no cenário, vamos falar do documentário de Marsha? Ele está disponível no Netflix, e se prepare para muitas emoções, pois foi uma luta que elevou a comunidade a lugares que sempre sonhamos, mas que também deixou muitas cicatrizes, como o assassinato de Marsha. No documentário somos abordados pela narrativa de Victoria Cruz, também trans, que luta para reabrir o caso e finalmente trazer justiça. Afinal, a morte de Marsha foi declarada como suicídio, mas as circunstâncias de sua morte nunca foram totalmente esclarecidas, ou se quer investigada. Atrevo-me a dizer que é no mínimo suspeito.
Mergulhamos em depoimentos de veteranas de Stonewall, e somos atingidos com muitas emoções. Marsha trouxe visibilidade para o T da sigla, se hoje temos grandes nomes reconhecidos na comunidade drag, como por exemplo, RuPaul recendo Emmy por conta de um show que traz como principal tema drag, é graças a Marsha e toda a sua luta. Ela foi, como a maioria de seus amigos a descreveriam, um ser amável, cheia de vida, que tristemente teve um fim violento.
Não vou me atentar tanto aos grandes feitos dessa incrível mulher, afinal não quero te tirar o prazer de conhecer Marsha e toda a sua luta através de seu documentário. Mas sim, quero focar na importância de se lembrar dela! Vai muito além do “conhecer o seu passado” lembrar-se dos nomes que lutaram para que você hoje, que faz parte da comunidade, tenha um pouco mais de liberdade. Não estamos no melhor cenário, sim temos muita coisa a mudar, e muita coisa para conquistar, mas ainda continuamos na lutar, e nomes como o de Marsha nos dão poder e esperança. Porque falar de Marsha P. Johnson, você se pergunta, e eu vou te responder o porquê.
Marsha morreu no ano de 1992, um ano que parece distante, porém mais presente do que nunca. Brasil é o país que mais mata pessoas transexuais no mundo todo. Em 2019, 124 pessoas trans foram assassinadas no Brasil, são 28 anos de diferenças e ainda sim lemos as mesmas manchetes “Pessoa trans assassinada”. E é por isso que eu recomendo e falo: assista o documentário! O melhor caminho para essa luta é educar-se, aprender mais sobre a causa, e ajudar da maneira possível. O que não podemos deixar acontecer é todo o trabalho de Marsha ser esquecido, ela que lutou tanto pela representatividade trans.
Tem certas coisas que não merecem ser esquecidas, Marsha e toda a sua luta e conquista com certeza estão na lista para ser lembradas durante toda eternidade.
Texto de: MEG.